Dias após o primeiro turno das Eleições de 2022, as preparações para a segunda parte do pleito presidencial já estavam muito bem definidas na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) e incluíam uma em especial: conquistar mais votos femininos.
A estratégia faz sentido, pois as mulheres são a maioria das pessoas aptas a votar no pleito deste ano. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos pouco mais de 156 milhões de indivíduos que poderão votar em 2022, 82 milhões são do gênero feminino e 74 milhões do masculino. O número de eleitoras representa 52,65% do eleitorado, enquanto o de homens equivale a 47,33%. É neste eleitorado tão específico que Michelle Bolsonaro tem um papel especial.
“O carisma da primeira-dama é enorme”, disse a Oeste a deputada federal Bia Kicis (PL-DF). “Michelle consegue atrair muitos eleitores, não só mulheres”.
Segundo a deputada, o potencial de Michelle Bolsonaro em conversar com o eleitorado conservador era até pouco tempo atrás quase desconhecido, pois a mulher do presidente teve um caráter discreto nos primeiros anos da gestão do atual chefe do Executivo.
“A verdade é que nem mesmo ela sabia de sua grande capacidade de falar em público”, disse. “Foi no discurso de lançamento da campanha do presidente para estas eleições que vimos a força que Michelle tinha com o microfone”.
Na ocasião, em uma fala de 13 minutos marcada pelo tom religioso, Michelle fez agradecimentos, falou sobre patriotismo e elogiou o marido. A primeira-dama também lembrou o episódio da facada sofrida por Bolsonaro na campanha de 2018.
“Deus ama essa nação. O Brasil é rico, é próspero. Ele só foi, infelizmente, mal administrado”, afirmou a primeira-dama, no evento de lançamento da candidatura bolsonarista. “Vocês estão aqui apoiando um projeto de libertação da nação. Quando eu cheguei na Santa Casa e vi meu marido na maca, após a facada de 2018, eu olhei para o teto do hospital e falei ‘o Senhor tem controle de todas as coisas’. E ele continua tendo.”
O evento ocorreu em julho deste ano, meses antes do primeiro turno. A convenção, realizada no ginásio do Maracananzinho, na cidade do Rio de Janeiro, contou com diversos discursos. Para a deputada Bia Kicis, todavia, foi Michelle que mostrou que seria muito importante para a reeleição de Jair Bolsonaro.
A estrela de Michelle Bolsonaro
Michelle vem sendo uma peça crucial na tentativa de Jair Bolsonaro se manter no manter. A primeira-dama e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) foram as cabeças de um movimento para unir mulheres católicas e evangélicas em apoio ao atual presidente. A primeira atividade coordenada por ambas ocorreu no sábado 7, em Goiânia, quase uma semana depois do primeiro turno.
“Queremos todas as mulheres unidas. Vamos conversar com mulheres empresárias, agricultoras, políticas e depois vamos fazer uma grande oração, um grande ato para reunir as mulheres católicas e evangélicas”, afirmou Damares a Oeste no início do mês.
Com a coordenação da campanha feminina de Bolsonaro em mãos, ambas percorreram as principais cidades do Brasil na tentativa de buscar votos. A também eleita senadora Tereza Cristina (PP-MS), uma das principais aliadas de Bolsonaro na nova legislatura, esteve presente em algumas atividades do movimento.
Essa é, na prática, uma das estratégias eleitorais com a presença de Michelle Bolsonaro para virar as eleições presidenciais no segundo turno, já que o ex-presidente Lula foi o mais votado na primeira etapa do pleito, em 2 de outubro. O petista recebeu 48% dos votos, contra 43% do atual mandatário.
A Oeste, a professora de filosofia, diretora da Revista Esmeril e analista política, Bruna Torlay, disse que a presença de Michelle na campanha de Jair Bolsonaro foi de suma importância para atrair eleitores indecisos.
“Bolsonaro é frequentemente atacado pela mídia por supostamente ser hostil às mulheres”, disse. “Michelle pode mostrar ao eleitor indeciso que esse discurso não passa de uma narrativa da mídia.”
De acordo com Bruna, o foco de Michelle foi o eleitorado religioso.
“O que é muito claro no cristianismo é a importância da figura feminina, como podemos ver, por exemplo, com Nossa Senhora. Ainda que Michelle e Damares sejam evangélicas, faz todo sentido a estratégia do presidente Jair Bolsonaro colocar duas mulheres altamente relacionadas ao eleitor religioso, como um todo, à frente da campanha”, afirmou. “Ambas sensibilizam e falam para um eleitorado conservador que tem a religião como um fator muito importante em sua vida”.
Estratégia vitoriosa
Ainda que o objetivo final seja conquistar mais um mandato da atual gestão, Michelle já vem sendo vitoriosa em seus projetos. Damares, por exemplo, foi eleita senadora pelo Distrito Federal (DF) nestas eleições com uma grande digital da primeira-dama.
A disputa foi acirrada. Um duelo de ex-ministras de Bolsonaro. De um lado a ex-ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. Do outro, a ex-ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda (PL-DF).
Inicialmente, Bolsonaro acenou para a candidatura de Flávia, que é de seu partido. Semanas antes das eleições, entretanto, tudo mudou, pois a primeira-dama entrou em cena e começou publicamente a fazer campanha para Damares.
“O meu voto e da minha família é de Damares Alves. Hoje eu louvo e agradeço a Deus pela vida da minha irmã, a minha amiga, a minha eterna ministra e a minha futura senadora do Distrito Federal Damares Alves”, disse Michelle no final de setembro. “Não mexam com ela. Se mexer com ela, você vai mexer comigo.”
A posição de Michelle Bolsonaro foi crucial no pleito. Na pesquisa IPEC para o Senado do DF do dia 27 de setembro, por exemplo, Flávia liderava as intenções de voto com 28%. Damares pontuava 21%. Na última pesquisa antes do primeiro turno, todavia, divulgada em primeiro de outubro, Damares computou 43% contra 32% de Flávia no mesmo instituto. Ou seja, em questão de dias, a ex-ministra dos Direitos Humanos arrancou e venceu a disputa. No final das contas, Michelle também venceu.
A primeira-dama busca agora a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Os próximos capítulos dirão se a estratégia deu certo.
Leia também: “A imprensa escolheu um lado“, entrevista de Milton Neves publicada na Edição 128 da Revista Oeste
SALVE A 1* DAMA. O seu BRILHO ofusca os oponentes
bolsonaro tem que ganhar , caso contrario teremos que engolir o dragao do janjão !
Temos uma candidata em 2026….
Senadora…ou…Presidente…