No início deste mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação dos Estados Unidos superou o índice de preços do Brasil em 2022. O “IPCA” norte-americano acumulou alta de 5,30% de janeiro a julho, enquanto o brasileiro registrou 4,77% no mesmo período, disse o IBGE.
Em outros países, a situação é parecida. O Reino Unido apresentou inflação de pouco mais de 10% nos seis primeiros meses deste ano. Na Alemanha, o cenário também é ruim, visto que os preços subiram a 7,5% no primeiro semestre.
O Brasil, contudo, conseguiu resultados positivos. O saldo do mês passado apresentou queda de 0,68%, ou seja, um índice de deflação. Trata-se da primeira vez, desde maio de 2020, que o IPCA conseguiu essa marca.
A deflação de julho foi puxada, sobretudo, pelo grupo de transportes, que teve queda de 4,50%. Os preços dos combustíveis recuaram 14,15%. A gasolina tombou 15,48%; o etanol, 11,38%. Só o óleo diesel teve alta: +4,59%.
Em 23 de junho, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que limitou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre o diesel, a gasolina, a energia elétrica, as comunicações e os transportes coletivos.
Dos nove grupos pesquisados, houve deflação em dois. Os preços do grupo habitação recuaram 1,05%. A energia elétrica recuou 5,78% no mês, enquanto o grupo alimentação e bebidas teve alta de 1,3% em julho.
Economia é o tema escolhido por Oeste nesta terça-feira, 23, dentro da série de reportagens “Desafios do Brasil”, que será publicada até 30 de setembro, sempre seguindo a seguinte ordem de temas na semana: segunda-feira (Educação), terça-feira (Economia), quarta-feira (Agro e Meio Ambiente), quinta-feira (Justiça e Segurança Pública) e sexta-feira (Saúde). Veja aqui as reportagens do projeto Desafios do Brasil.
Mercado estima inflação baixa no Brasil em 2023
No próximo ano, as projeções relacionadas aos preços são alvissareiras. A expectativa de inflação para 2023 caiu de 5,38% projetados há uma semana para 5,33%. Para 2024 e 2025, as estimativas de inflação mantêm-se em 3,41% e 3%, respectivamente. Em síntese, a economia deverá estar a todo vapor.
Para manter esse cenário, o próximo presidente da República, seja ele qual for, terá desafios. O primeiro deles é manter o controle das contas públicas, explicou o economista Luís Artur Nogueira. “É um grande erro achar que conseguiremos manter a trajetória atual da inflação acelerando gastos”, observou.
Segundo o economista, o próximo governo pode manter programas emergenciais, como o Auxílio Brasil, o voucher taxista e a ajuda aos caminhoneiros. Contudo, tem de ter em mente a realocação de recursos. “Tem de tirar de um lado para pôr no outro”, disse. “Não é razoável gastar mais do que se tem.”
Outro ponto defendido pelo especialista é manter a autonomia do Banco Central (BC), autoridade monetária que trabalha para controlar o aumento dos preços.
Hugo Garbe, economista-chefe da G11 Finance e professor do curso de economia e finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie, vai na mesma linha. O economista pondera ser necessário que o próximo governo mantenha uma política monetária conforme o processo inflacionário.
Sobre o papel do BC, o especialista ressalta a importância de a instituição financeira manter-se atenta à subida dos preços. “Se a inflação persistir, tem de aumentar a taxa básica de juros”, disse, ao defender a redução da carga tributária no país. “O BC está fazendo sua lição de casa de forma brilhante. Se compararmos com outros países, a inflação no Brasil está caindo, enquanto a dos EUA, por exemplo, ainda está alta. Portanto, estamos tendo um bom trabalho.”
Leia também: “A economia desmente os pessimistas”, reportagem publicada na Edição 116 da Revista Oeste
Bolsonaro/Paulo Guedes de 2023 à 2026.
O molusco já avisou o que vai fazer: a volta do populismo e da corrupção.
Que o próximo presidente continue sendo Bolsonaro…