Parlamentares lamentam decisão do Senado que confirmou Dino para o STF

O voto no Senado para a indicação de ministros ao Supremo Tribunal Federal (STF) é secreto e, portanto, não é possível saber como cada senador votou no processo de escolha de Flávio Dino para a Corte. O placar foi de 47 a 31.

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Entretanto, alguns parlamentares revelaram o voto em postagens no Twitter/X. As declarações são principalmente de senadores que votaram contra Dino. Deputados e ex-deputados engrossaram as críticas ao ministro da Justiça de Dino do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse que o Senado se “rebaixou” ao aprovar Dino para o STF e atribuiu o placar a um “jogo bruto” do governo Lula e de “poderosos de plantão”. “Hoje o Senado perdeu uma grande oportunidade de mostrar a sua altivez e a quem serve”, afirmou, no Twitter/X.

O senador Marcos Pontes (PL-SP) disse que votou “não” a Dino. “Não conseguimos impedir um político no Supremo, porque somos minoria, nesta legislatura”, escreveu.

Esperidião Amin (PP-SC) também declarou voto contra Dino. “Faço parte dos 31 senadores que votamos contra a indicação de Flávio Dino. Cumpri com meu dever de consciência!”

A mesma conduta teve Cleitinho (Republicanos-MG) e postou um vídeo com trecho de sua fala durante a sabatina, no qual afirma que o povo lhe pediu para não votar em Dino.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) também disse que é um dos 31 que votaram contra Dino. “Da mesma forma que na CCJ, reafirmo meu voto contrário à indicação de Flávio Dino para o STF. Estou entre os 31 senadores que votaram contra!”

‘Escolha de Dino para o STF é uma vergonha para o Senado’

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou o senador Sergio Moro (União-PR), “o zelador de biografia”, por ter supostamente votado a favor de Dino. “Não somente o zelador de biografia, mas outros — inclusive do PL — votaram a favor de Dino. Traiam enquanto há tempo, pois o lugar de vocês será tomado por homens de caráter. As urnas os esperam”, escreveu Nikolas.

Sergio Moro não declarou seu voto. Entretanto, uma fotografia por um repórter do jornal O Estado de S. Paulo mostra uma conversa entre Moro e uma pessoa que o aconselha a não revelar seu voto.

Outros deputados também criticaram a decisão do Senado. “O Senado jogou fora a sua maior oportunidade de mostrar à nação brasileira que é uma instituição útil. Entre tantos absurdos cometidos no MJSP, Flávio Dino descumpriu descaradamente a Constituição, faltando a diversas convocações feitas pela Comissão de Segurança da Câmara”, afirmou Ubiratan Sanderson (PL-RS).

Marco Feliciano (PL-SP) disse que os senadores que votaram a favor de Dino
“não ouviram as ruas, não ouviram o povo”. “Em 2026 precisamos formar maioria no Senado”.

Para Carlos Jordy (PL-RJ), a aprovação de Dino representa uma vergonha para o Senado. “Vergonha! Dino aprovado. Temos um Senado subserviente. Agora há no STF um comunista sem apreço pela democracia e pela liberdade”, escreveu.

Dallagnol: autoritarismo e politização no Supremo vão piorar com Flávio Dino

O ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR) fez três postagens sobre a decisão do Senado de chancelar Dino para o STF. Em uma delas, disse que estava “profundamente triste e desapontado com o Senado por falhar de novo em conter o autoritarismo e a politização do STF, que só vão piorar com Flávio Dino”. Em outra, defendeu o voto aberto para esse tipo de decisão.

Em uma terceira publicação, Dallagnol criticou os senadores que votaram em Dino ainda que por medo de retaliação. “Senadores que votaram no Dino por emendas parlamentares ou por medo de vingança violaram o dever que têm com seus eleitores. Se você permite que o sistema te controle com dinheiro ou ameaças, você virou sistema”, escreveu.

O ex-parlamentar prosseguiu, mencionando seu próprio caso. “Mesmo tendo sido cassado eu não me arrependo de nunca ter aceitado emendas e cargos do governo e de nunca ter baixado a cabeça para os donos do poder. Eles podem tirar de mim a paz, mas não a coragem; o cargo, mas não a luta; o salário, mas não o valor.”

O ex-deputado Paulo Eduardo Martins (PL-PR) ironizou a decisão do Senado. “Fiquem tranquilos. Agora suas garantias fundamentais estão protegidas pelo comunista Flávio Dino. Agradeça ao seu senador.”