PSDB cita o governo federal ao abrir processo de expulsão de deputado indicado à liderança da Maioria na Câmara, mas mantém senadores em lideranças correlatas
A perseguição da cúpula tucana ao deputado federal Celso Sabino (PSDB-PA) mostra a hipocrisia do partido. Ao vetar a indicação do parlamentar pelo Centrão à liderança da Maioria, o partido mostra que adota “um peso e duas medidas”, analisam a Oeste parlamentares tucanos aliados de Sabino. A possível expulsão do deputado dividiu a bancada.
A leitura é simples. Ao usar do poder da cúpula para tentar obstruir a indicação de Sabino à liderança da Maioria, sob a associação do cargo com o posicionamento de independência do partido em relação ao governo federal, o partido se contradiz ao manter dois senadores tucanos em posições correlacionadas no Parlamento.
Considerando a formalização, na data
de hoje, do referido deputado para o cargo;
Considerando a posição política do PSDB em relação ao governo federal;— PSDB ?? (@PSDBoficial) August 5, 2020
Incoerência
O líder da Maioria no Congresso é o senador Roberto Rocha (PSDB-MA). Pela mesma correlação sugerida pelo partido, aliados de Sabino ponderam ele não poderia ocupar o posto, uma vez que tal cargo o aproxima do presidente do Congresso e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O demista, por sinal, usa de seu poder e alinhamento com o governo para conseguir apoio à sua reeleição, como mostrou Oeste anteriormente.
Outra incoerência avaliada por aliados de Sabino é a permanência do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) na liderança do governo do Senado. Desde 2019, ele é vice-líder do Executivo. “Pelo mesmo critério sugerido pelo Bruno [Araújo], Izalci e Roberto não deveriam ocupar seus postos”, critica um congressista.
Perseguição
A abertura do processo de expulsão de Sabino se mostra, portanto, uma perseguição da cúpula tucana, adversária política ao presidente Jair Bolsonaro, a um correligionário da oposição. Conforme Oeste explicou, Sabino é um dos parlamentares integrantes da ala opositora de Araújo.