‘PSDB perdeu a conexão com a sociedade’

Deputado Carlos Sampaio avaliou o início dos governos Lula e Tarcísio e se manifestou a favor da CPI das Manifestações

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Carlos Sampaio comentou a recente mudança na liderança do partido
Carlos Sampaio comentou a recente mudança na liderança do partido | Foto: Divulgação

O PSDB perdeu a conexão com a sociedade brasileira. É a avaliação do deputado federal Carlos Sampaio (SP), 59, filiado à sigla desde que iniciou a carreira política como vereador na cidade de Campinas. Na última sexta-feira 27, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assumiu a presidência nacional da legenda. Leite, que já comanda o Estado pela segunda vez, é considerado por Sampaio como uma possibilidade de “reconexão” do partido com o eleitorado.

Precisamos recuperar esse protagonismo e, a meu ver, devemos ser oposição ao governo Lula como centro-direita”, disse o parlamentar em entrevista a Oeste. “Seria no sentido de cuidar com muito carinho das questões sociais, mas ter uma agenda econômica liberal com privatizações e concessões.”

A Oeste, além da nova “roupagem” do PSDB, o deputado avaliou positivamente o começo da gestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se manifestou a favor da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Manifestações — que pode apurar os atos de vandalismo contra os prédios dos Três Poderes — e criticou o início do governo do presidente Lula.

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A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o senhor avalia o início da gestão Tarcísio em São Paulo?

O Tarcísio começou seu governo de forma muito positiva. Primeiro, ele escolheu pessoas com capacitação técnica para ficar a frente das secretarias de São Paulo. Além disso, demonstrou preocupação com coisas que são de extrema importância para o Estado, como a redução de impostos. Ele reduziu o imposto para a aviação até 2024. Essa foi uma medida que amplia o acesso ao transporte aéreo e vai ao encontro do que Tarcísio dizia durante a sua campanha eleitoral. O presidente Lula vetou uma aula de robótica nas escolas, que era de um projeto que tramitou na Câmara dos Deputados, e, ao mesmo tempo, o Tarcísio anunciou o curso de robótica integrado no currículo escolar de SP. Ou seja, o governador está afinado com a população e com a evolução do Estado. Até mesmo a questão da privatização em algumas estatais de SP, o Tarcísio deixou claro que está sendo debatida. Todas essas são ações que demostram que ele está no caminho correto. O governador também reconhece as boas ações da gestão de 28 anos de PSDB em São Paulo e isso é bom. Estou muito feliz com esse início de governo do Tarcísio.

O senhor é a favor da CPI das Manifestações?

Sim. Está definido que ela será instalada. Quem propôs a CPI [a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS)] o fez bem-intencionado, mas, confesso que não sei se esse é o momento ideal para começar uma CPI. Essa questão precisa ser aferida, pois estamos vivemos um momento muito conturbado.

Qual avaliação o senhor faz sobre os quase 30 dias de governo Lula?

Os retrocessos que o Lula anunciou no início do seu mandato são muito ruins para o país. A primeira medida que ele tomou foi, justamente, estourar o teto de gastos. Agora o Lula pode alterar o teto de gastos a qualquer momento. Ele ainda mudou a lei das estatais para favorecer o Aloizio Mercadante na presidência do BNDES, ou seja, ele deixou de usar um critério técnico e lógico na indicação de um presidente para ajudar um companheiro político. O presidente ainda sinalizou que pode fazer revisões na Reforma Trabalhista e na Reforma Previdenciária, um retrocesso inconcebível. O petista também anunciou a suspensão das privatizações que haviam sido feitas no governo anterior. Lula está mostrando claramente que deseja continuar usando estatais, mesmo que ineficientes, para atender a ‘companheirada’ do PT. Ele tirou o Coaf [órgão de inteligência do governo que atua no combate a corrupção] do Banco Central para colocar sob o controle do ministro Fernando Haddad. Isso é uma calamidade. Lula começa seu governo anunciando empréstimos do BNDES para os países do Mercosul. Ele prefere que o banco financie países como Cuba e Venezuela, que devem juntos mais de US$ 500 milhões. Sou tão preocupado com esse tema que possuo a autoria de um projeto de lei que tipifica como crime a gestão fraudulenta. Desse modo, o diretor do BNDES que autorizar um empréstimo, sem as garantias exigidas por lei, vai cometer crime. Não é a ideologia do Lula que deve autorizar o empréstimo. São as garantias e as viabilidades. Além disso, no caso do Coaf, apresentei uma Proposta de Emenda a Constituição e estou coletando assinaturas para mudar o texto constitucional e vincular, definitiva e constitucionalmente, o órgão ao Banco Central.

Como está o andamento da ação que o senhor protocolou na PGR contra o “ministério da verdade” do Lula?

O Ministério Público (MP) distribuiu a ação para outro órgão que integra o MP para emitir um parecer, portanto, está tramitando lá. Em momento algum a ação foi arquivada. Tomei essa medida, não porque sou contra a criação de uma secretaria que venha definir o que é ou não desinformação, mas é que esse decreto ligou a fiscalização a um órgão do governo. Isso deveria ser feito pelo MP, mas nunca por um órgão do governo. Além disso, a lei é quem deve definir o que é desinformação, e não um decreto presidencial. Se cada presidente definir por decreto o que é desinformação, estamos deixando que ele coloque o entendimento dele sobre o tema para favorecer a ele próprio. Estou confiante que a Procuradoria-Geral da República vai suspender liminarmente parte desse decreto, que está errado.

Nesta semana, o PSDB lançou novas lideranças na frente do partido e colocou o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) como presidente da sigla. Como o senhor enxerga essa mudança e quais devem ser os próximos passos da legenda?

O Eduardo Leite já demonstrou ser uma pessoa preparada, equilibrada e com um bom senso capaz de perceber que o PSDB perdeu a conexão com a sociedade brasileira. Ele vem para nos reconectar com a sociedade brasileira. O partido sempre foi uma oposição ao PT, mas com o surgimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que adquiriu esse protagonismo contra o PT, o PSDB perdeu-se. Precisamos recuperar esse protagonismo e, a meu ver, devemos ser oposição como centro-direita. Seria no sentido de cuidar com muito carinho das questões sociais, mas ter uma agenda econômica liberal com privatizações e concessões. Tudo isso tem a ver com a nossa história, mas nos afastamos disso. Parte do PSDB migrou para a esquerda, com a social-democracia. Contudo, esse campo foi assumido pelo Lula e não podemos nos tornar iguais a ele. Espero que o Eduardo nos conduza por esse caminho de centro-direita. Ele possui todas as qualificações.
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17 comentários Ver comentários

  1. O cara diz acreditar que o PSDB fará uma mudança para atender os anseios da sociedade e aposta num lacrador como o Eduardo Leite, faz-me uma garapa!

  2. Vounfazer minha apreciação. PSDB teve a cara do FHC , Covas e Serra. Que só conseguiram fazer festas com aumentos de impostos. Serra é Autoritário, por exemplo , ele.mandou prenserntodoas osncareisncommplacas fora de SP porque supôs q todos eram fraudadores do IPVA. Ele desfez o Conselho de Trânsito pq o conselho deu ganho de recursos contra as multas de rodízio. E não sinalizou as vias de rodízios. Pegamos caríssimos nas rodovias. Então. PSDB foi definhando e foi uma decepção.

  3. Lamentável ver o lixo que o PSDB se tornou. Ver seus deputados e senadores juntos com o PT só envergonha quem sempre votou neste partido. Não acredito que isso tenho volta. Melhor os que são contra isso, saírem desse partido.

  4. Quando votava em SP, desperdicei meu votos nesse Sr. e outros do PtSDB, sempre com a intenção de barrar petistas. Demorei (infelizmente) a perceber que esse partido, com exceção do Plano Real, nunca fez nada pelo Estado de São Paulo ou pelo Brasil, bando de hipócritas e demagogos.

    1. Até que não foi só o plano real. O PSOE em São Paulo conseguiu fazer São Paulo ser o estado com menos homicídios no Brasil e com menos da maioria dos crimes cruéis no Brasil ao fazer São Paulo ser o Estado com mais presidiários do Brasil, e não é só mérito da PM como alguns falam não. A PM só cumpre ordens como se viu recentemente no caso daqueles nesse caso, sequestrados ilegalmente pelo lulismo no estádio em Brasília e a PM cumpriu essas ordens ilegítimas, então se em São Paulo a PM fez coisas boas mais que a média, foi mérito dos governos do PSDB sim. E também em média embora não com índices tão bons quanto em São Paulo, em geral nos estados com governos do PSDB esses índices sempre foram um pouco melhores do que nos estados com governos do PT ou de puxadinhos clássicos. No entanto eu concordo que o PSDB já cumpriu o seu ciclo, e agora o fato que existe, de que o Xandão tem relações com o PSDB foi a pá de cal no PSDB, e também o apoio do PSDB ao Pacheco.

  5. Deputado não foi o PSDB que perdeu a conexão com a sociedade, foi a sociedade que percebeu que PSDB e PT são irmãos siameses na corrupção, na bandalheira e na destruição do Brasil desde FHC que é um comunistinha caviar safado.(basta pegar a história dos seus antepassados na política)
    Pare com este mimimi os MANÉS resgataram o patriotismo e aprenderam a valorizar seu voto e banir da vida pública políticos mentirosos, adesistas e sem caráter.
    As próximas eleições para prefeitos e vereadores serão um exemplo.

    1. A única decisão inteligente do Geraldo Alckmin, foi sair dessa sigla “fictícia oponente” do PT…Embora, tal atitude, lhe custou a HONRA, por se aliar ao chefe-mor, Lula da Silva.

  6. O primeiro passo p resgatar a confiança é NÃO apoiar a REELEIÇÃO DE PACHECO. O governo Lula será um gde retrocesso p o país, Tarcísio tem ótimas ideias, atual, fará um gde governo.

  7. O primeiro passo p resgatar a confiança é NÃO apoiar a REELEIÇÃO DE PACHECO. O governo Lula será um gde retrocesso p o país, PT gosta de gastança e roubalheira, empregar os companheiros incompetentes igual ao Lula. Tarcísio tem ótimas ideias, atual, fará um gde governo.

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