O Banrisul tem dois focos nas cinco linhas de crédito direcionadas para financiar startups e empresas inovadoras: o setor financeiro e o agronegócio. Os executivos do banco gaúcho esperam iniciativas ligadas à jornada dos 4 milhões de clientes do banco, como o relacionamento com os usuários. No agronegócio, a ideia é apostar em ideias que tragam ainda mais tecnologia para um setor que corresponde a 40% do PIB do Rio Grande do Sul. Há poucos dias, a instituição abriu um edital para destinar R$ 30 milhões com o objetivo de acelerar até 150 empresas com faturamento de no máximo R$ 90 milhões. As interessadas têm até o dia 30 de julho para enviar os projetos. “O banco precisa ter em seu entorno um ecossistema de empresas startups inovadoras e empreendedoras que tragam inovação à nossa própria operação”, diz Cláudio Coutinho, presidente do Banrisul. Desde 2020, o banco acelera 30 startups brasileiras por ano, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O agro é pujante
Fundado em 1928, o Banrisul é listado na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, com 100 mil acionistas ávidos pelos dividendos que o banco costuma soltar trimestralmente. Mas ainda é uma instituição pública, e seu comando é do Estado do Rio Grande do Sul, cujo controle acionário é de 51%. Em 2022, além da aposta nas startups, o banco tem uma meta ambiciosa para o crédito rural para 2022: quer crescer 40% na carteira. No balanço divulgado nos três primeiros meses do ano, o saldo de investimento no agro foi de R$ 5 bilhões. “Esse aumento se deve à pujança no campo. As empresas do agro estão abrindo capital, recebem recursos estrangeiros, e muitas inovações fazem a produtividade desse setor aumentar cada vez mais”, afirma Coutinho.
O jovem no campo
Cláudio Coutinho crê que as lideranças do setor rural estão rejuvenescendo. O novo perfil do empresariado do campo tem passado por uma mudança significativa: os donos de empresas do agro eram anos atrás pessoas mais velhas, com filhos que pouco se interessavam em assumir os negócios da família. Preferiam ir para as capitais estudar outras profissões, bem distante da terra. “Hoje, vejo uma revoada de filhos voltando para o campo”, analisa Coutinho. “Eles estudam fora, mas voltam. Na bagagem, trazem tecnologia, agregam toda a facilidade tecnológica que o jovem tem naturalmente. A gente encontra diversos grupos bem-sucedidos, com os pais de 50 anos ou mais junto com filhos de 20 a 30 anos, já envolvidos na parte tecnológica das empresas, trazendo inovações”. Um dos exemplos é a gaúcha 3tentos Agroindustrial, que vende insumos agrícolas e transforma grãos de soja em farelo e biodiesel e tem os irmãos Dumoncel (Luiz Osório e João Marcelo) à frente da operação diária: o primeiro como CEO (diretor-geral) e o segundo como COO (diretor de operações).
Ninguém mexe no gerente
Em três anos e meio, o Banrisul fechou cerca de 30 agências, mas vai parar por aí. O banco regional tem atualmente 500 unidades físicas, que serão mantidas. A expansão se dará no digital, por conta dos números: 80% das transações já são feitas no ambiente virtual e há 1,4 milhão de acessos diários pelo aplicativo. “O modelo vencedor é o digital”, observa Coutinho. “Ainda é importantíssima a rede de agências para o cliente que quer falar com alguém, resolver problemas ou discutir uma operação que não seja simples”. Nessa visão, ele acha imexível e fundamental a presença do gerente de banco, mas confessa que o caixa tem perdido a força de antes. “Porque as contas podem ser feitas pelo aplicativo ou site. No futuro, talvez algumas agências não terão mais caixas, mas o atendimento presencial e humano vai ser um grande diferencial.”
O gaúcho e seus amores
“Você imagina um carioca presidindo um banco gaúcho?”, pergunta Coutinho. Ex-diretor-financeiro, de Crédito e Internacional do BNDES, ele está à frente do Banrisul desde 2020. Percebeu, já no começo, a força de um banco regional num país que tem poucos com a mesma representatividade. Os Estados do Pará e do Espírito Santo têm instituições regionais fortes, mas nada se compara à presença na terra dos pampas. “O gaúcho tem um amor inacreditável por suas marcas”, resume Coutinho. “A rede de farmácias, os supermercados e as lojas de roupas são todos da região. Não vejo no Brasil nenhum caso em que o cliente tem uma fidelidade tão grande pelo que o banco faz para a sociedade e a economia gaúcha.”
Escolas de negócios
As escolas de negócios no país estão com demanda bem acima do normal. O motivo principal é o interesse dos alunos das mais variadas idades para se prepararem para profissões e funções que aparecem anualmente e que invariavelmente caem na seara da tecnologia. A Trevisan Escola de Negócios cresceu 16 vezes em três anos. Passou de mil alunos para 16 mil. “Focamos em cursos e atividades com interseção de negócios com tecnologia e ciência de dados, competências e habilidades que são demandadas pelo mercado”, diz VanDick Silveira, presidente da Trevisan. “Só na área de tecnologia e logística, o Brasil tem de 500 mil a 1 milhão de vagas de empregos que não têm gente capacitada.”
Vamos mudar de rosto
O mercado de franquias avança, como destacado por esta coluna na semana passada. O casal de atores Flávia Alessandra e Otaviano Costa se tornou sócio e integrante do conselho de marketing da Royal Face, maior franquia de harmonização facial do Brasil. O mercado de estética encontra uma crescente de gente que quer mudar o rosto e outras coisinhas. O grupo, com 191 lojas, prevê 159 novas unidades em cidades brasileiras e faturamento superior a R$ 300 milhões até dezembro.
Dinheiro na bolsa
Até o dia 28, investidores estrangeiros aportaram R$ 2,34 bilhões no mês de junho na bolsa brasileira. No ano, o saldo positivo é de R$ 53,8 bilhões.
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Saldo positivo de investimentos na Bolsa.
Mais uma vez o Brasil despiorando.