Pular para o conteúdo
publicidade
Edição 141

Herança bendita

Mesmo antes de assumir, Lula já acusa o atual governo dos piores crimes econômicos dos últimos 500 anos. Mas os números mostram que a realidade é exatamente o contrário

Artur Piva

-

Uma das grandes especialidades do ex-presidente Lula, que se prepara para voltar à Presidência do Brasil no próximo dia 1º de janeiro, é a administração de “heranças malditas”. É como ele resolve todos os problemas que aparecem no seu governo — a culpa de tudo é de quem veio antes, mesmo que não exista culpa nenhuma. Muito pelo contrário: recebe a casa em ordem, mas um minuto depois já está reclamando que largaram um desastre em cima dele, e que não tem nada a ver com qualquer coisa de ruim que venha a acontecer até o último dia do seu mandato. Foi assim com Fernando Henrique. Lula recebeu um Brasil sem o pior problema da sua história econômica — a inflação, eliminada por seu antecessor com o Plano Real. Estava pronta, também, a privatização das telecomunicações, sem a qual o país iria para o naufrágio, do setor de mineração-siderurgia e dos bancos estaduais, que funcionavam como Casa da Moeda particular dos governadores — e eram possivelmente os únicos no mundo a dar prejuízo.

Lula se deu bem: aplicou esse conto do vigário, e Fernando Henrique, em vez de expor a mentira, acabou achando que ele, Lula, é hoje o homem que vai salvar o Brasil. A história pode se repetir agora — com a diferença de que Jair Bolsonaro dificilmente fará algum dia o beija-mão que Fernando Henrique fez. O novo presidente já acusa o atual governo dos piores crimes econômicos dos últimos 500 anos, e de todos os outros tipos — e a realidade é exatamente o contrário. Bolsonaro vai deixar para Lula a melhor situação que o país já teve na passagem de um governo para outro, em qualquer época recente.

publicidade

Newsletter

Seja o primeiro a saber sobre notícias, acontecimentos e eventos semanais no seu e-mail.