Estudo sem comprovação científica indica ineficácia no uso da cloroquina e hidroxicloroquina em fase hospitalar, ou seja, no estágio mais avançado da covid-19
Um estudo realizado com mais de 96 mil pacientes internados pela covid-19 foi divulgado na última sexta-feira, 22. A pesquisa, publicada pela revista Lancet, concluiu que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em pacientes com o novo coronavírus, mesmo combinado com outros remédios, pode agravar a taxa de mortalidade em até 45%.
Essa é a maior pesquisa realizada até o momento sobre os efeitos que essas substâncias têm no tratamento da covid-19. “Nós fomos incapazes de confirmar qualquer benefício da cloroquina ou da hidroxicloroquina em resultados de internação pela doença. Ambas as drogas foram associadas à diminuição de sobrevivência dos pacientes internados e a um aumento da frequência de arritmia ventricular quando usadas no tratamento da covid-19”, conclui o estudo, liderado pelo professor Mandeep R. Mehra, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, e divulgado na Lancet.
Os fatos levantados por Oeste
A reportagem publicada na edição 3 da Revista Oeste ouviu especialistas que defendem o uso da hidroxicloroquina. Todos foram unânimes em afirmar que a medicação deve ser empregada na fase inicial da doença. Para o virologista Paolo Zanotto, professor do Departamento de Microbiologia da Universidade de São Paulo (USP), não faz sentido ministrar o remédio apenas a pacientes em fase avançada da doença. “Se você não der o remédio antes, no sétimo dia o paciente já estará com os pulmões completamente comprometidos. Quando surgir a tosse seca e dificuldade respiratória, será muito difícil tratar a doença.”
A imunologista e oncologista Nise Hitomi Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina, também defende o uso precoce da hidroxicloroquina associada ao antibiótico azitromicina já no segundo dia após o início do aparecimento de sintomas como tosse, coriza e perda de olfato. “A partir do quinto dia, a doença pode evoluir para um processo inflamatório que, em casos mais graves, pode levar à morte do paciente por insuficiência respiratória”, diz ela.
Critérios de seleção dos pacientes para tratamento da covid-19 com cloroquina e hidroxicloroquina
O estudo publicado pela revista Lancet avaliou apenas pacientes hospitalizados. Segundo o virologista Paolo Zanotto, se o paciente já se encontra hospitalizado, isso indica ele deve estar no mínimo entre o quinto e o sétimo dia do aparecimento dos primeiros sintomas da covid-19. Ou seja, o paciente já está no estágio mais avançado da doença, em que se verifica um quadro de hiperinflamação e de lesão pulmonar mais grave estabelecido. Para Zanotto, na seleção dos dados e dos grupos para comparação estatística da pesquisa, “a escolha foi feita de maneira grotesca e altamente criticável. O pareamento dos grupos de estudos favorece desacreditar o remédio”, diz.
Das 96.032 pessoas analisadas, 14.888 foram tratadas com alguma variação ou combinação da cloroquina nas primeiras 48 horas de internação. Mas isso não quer dizer que a medicação tenha sido testada em pacientes na fase inicial da doença. Zanotto explica que as 48 horas são contadas após o resultado positivo do exame de PCR para confirmação da covid-19 e não após o paciente manifestar os primeiros sintomas. Como o resultado do exame leva em média 48 horas para ficar pronto e o paciente já estava hospitalizado quando fez o teste, isso significa que a prescrição do remédio se deu entre o oitavo e o nono dia do aparecimento dos primeiros sintomas, já em fase mais adiantada da doença.
Segundo o médico cirurgião-geral e diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, “já constatamos a baixa eficiência da medicação quando utilizada após a fase de replicação viral. O objetivo do uso precoce da medicação é impedir a replicação do vírus e não deixar que o corpo entre em processo inflamatório agudo”.
A pesquisa foi realizada com pacientes de 671 hospitais em seis continentes, internados entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril deste ano. Na tabela publicada pelo estudo, consta que os pacientes do grupo de controle, isto é, que não tomaram a medicação, tinham um nível de oxigênio no sangue superior ao dos pacientes que fizeram uso do remédio. “Ou seja, eles queriam ter certeza de que fossem incluídos no estudo apenas os casos graves, nos quais os antivirais não funcionam. Isso é má intenção”, diz Zanotto. “O bom senso e a medicina sempre dizem que o atendimento tem de ser precoce. É a mesma lógica de tentar invalidar um tratamento de quimioterapia oferecendo-o a um paciente terminal cheio de metástases”, defende o médico.
Risco cardiovascular aumentado
Sobre a conclusão da pesquisa de que há um risco cardiovascular aumentado com o uso da medicação, Zanotto explica que uma das implicações severas do vírus é o ataque que ele faz à musculatura esquelética. “A musculatura cardíaca também é afetada pela replicação viral. É muito provável que, nos pacientes hospitalizados, o coração também esteja comprometido”, diz. E complementa: “Se você dá um remédio que tem como um dos possíveis efeitos colaterais a alteração do comportamento cardíaco, para um paciente internado e já debilitado por conta da natureza da doença fica difícil saber o que foi efeito da medicação e o que é conseqüência do vírus”.
No estudo, em nenhum momento consegue-se provar que foram as arritmias causadas pelo uso da medicação que levaram o paciente à morte.
Leia também a entrevista: “Como a cloroquina ajudou a Prevent Senior a controlar a epidemia”
Validação científica
Quem critica a medicação invoca sempre a questão da falta de comprovação científica. Entretanto, o estudo publicado pela Lancet não resolve a questão, uma vez que não cumpriu os protocolos de modo a atingir o padrão-ouro em ciência. Ou seja, o estudo não seguiu os rigores do teste duplo-cego randomizado. [No teste randomizado duplo-cego, a administração do medicamento é aleatória, situação em que nem o paciente nem o pesquisador sabem o que está sendo ministrado. Há ainda a comparação com um grupo placebo: parte dos indivíduos testados recebe o medicamento, e a outra parte, apenas um produto anódino, como uma pílula de farinha.]
A médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, em comunicado à imprensa divulgado ontem, segunda-feira 25, também admite a questão da falta de validação científica — “Não há comprovação científica de nível A (estudos randomizados, prospectivos, controlados) sobre a eficácia desses medicamentos, mas também não há comprovação científica nível A de que esses medicamentos não funcionam. O único estudo randomizado publicado foi o do Amazonas, que não concluiu que o protocolo não funciona, mas sim que doses acima da dose de segurança são tóxicas”.
Conflito de interesses
O autor principal do estudo, o médico Mandeep Mehra, declarou haver conflito de interesses na elaboração da pesquisa. Isso significa que os pesquisadores envolvidos talvez tenham recebido algum benefício de laboratórios farmacêuticos e empresas da área médica como Bayer, Abbott, Medtronic, Janssen, entre outras citadas no fim da pesquisa. Para Zanotto, isso demonstra o interesse comercial de muitas empresas que estão perdendo dinheiro com o fato de existir um tratamento ao custo de R$ 30 por paciente, uma vez que a cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos sem patente, ou seja, não são exclusivos de determinado laboratório.
OMS suspende testes com cloroquina
Em mais um capítulo da polêmica que envolve o uso da cloroquina, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou ontem que suspendeu temporariamente os testes. O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a decisão se deu por causa do estudo publicado pela revista Lancet na semana passada, muito embora a pesquisa não tenha cumprido os protocolos de modo a atingir o padrão-ouro em ciência.
O uso da hidroxicloroquina e cloroquina no Brasil
Para criar uma medicação comprovada no tratamento de qualquer doença, é necessário realizar uma série de experimentos que podem levar anos. Por isso estão em teste remédios já testados e usados para outras doenças, como o caso da hidroxicloroquina. Na última quarta-feira, 20, o governo publicou uma nova orientação para uso da cloroquina na fase inicial da doença.
O estudo publicado pela Lancet indica ineficácia da administração de cloroquina e hidroxicloroquina em fase hospitalar, ou seja, no estágio mais avançado da doença. No entanto, as diretrizes divulgadas pelo governo federal orientam o tratamento precoce da covid-19 em pacientes que apresentarem os primeiros sintomas da covid-19, e não apenas nos quadros graves da doença.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou em 23 de abril o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pessoas com sintomas leves da covid-19.
A medicação é defendida pelo governo Jair Bolsonaro como a primeira opção de tratamento. Convém deixar a ideologia à margem da ciência e lembrar que a química não tem partido político.
Leia os depoimentos de pacientes que tomaram a cloroquina para tratamento da covid-19
Só a título de informação, sugiro a leitura do link abaixo (bbc/brasil) sobre a revista Lancet. Em resumo:
Essa revista publicou um estudo relacionando vacina tríplice com autismo, em 1998.
Milhares de crianças deixaram de ser vacinadas devido ao medo dos pais, em função do tal estudo, e gerando pânico nas já vacinadas.
Foi comprovado anos depois que o estudo era uma fraude grosseira.
Somente 12 anos depois o médico teve o registro cassado pelo Conselho Geral de Medicina Britânico, sendo classificado como inapto para a profissão, além de irresponsável, anti-ético e enganoso.
Nesse mesmo ano a revista veio a público se retratar dizendo que o estudo era totalmente falso.
Note bem: 12 anos depois.
Os estragos já estavam feitos pois os casos de sarampo aumentaram na Europa devido a não vacinação.
Essa é a referência da OMS.
A mesma OMS que disse que o vírus não se transmitia entre humanos, não era necessário usar máscara; depois o vírus era transmitido entre humanos, que devemos usar máscaras, que a China fez um excelente trabalho no combate ao vírus…
https://www.bbc.com/portuguese/geral-40663622
Esse “estudo” nada mais é que uma compilação de dados onde a medicação foi ministrada depois de certa gravidade da doença , e onde não se explica o grau da infecção e nem se revela a dosagem dada. Isto é um belo de um TRAMBIQUE.
Usar Hidroxicloroquina no começo dos sintomas covid-19 ajuda bastante, usar após contaminação grave não ajuda mais. É como colocar o dedo num pequeno furo de um dique: se for no começo ajuda, se for mais tarde, quando o furo já abriu, não ajuda.
Por sorte de muitos pacientes o Brasil tem uma medicação de baixo custo, menos de 30 reais o tratamento e que tem funcionado muito bem. Inclusive, como médico tenho tratado uma dúzia de pacientes que me procuraram e tiveram sucesso, obtendo cura quando de sintomas iniciais. Por azar existem sujeitos salafrários e mal intencionados que tornaram o assunto ideológico e, também, o interesse de laboratórios de lançar medicações sem comprovação científica nem experiência clínica como o antiviral Remdesivir, e pelos motivos expostos escondem e sonegam a hidroxicloroquina. Com isto levam muitos pacientes ao agravamento da doença e a maioria à morte. Alguns dirigentes canalhas preferem nada a oferecer, a não ser respiradores superfaturados e o aumento da letalidade. Para infelicidade desses canalhas acrescento que a Hidroxicloroquina deve ser usada como profilaxia para os idosos e doentes crônicos na saída da quarentena burra. Pois, ao saírem o Covide 19 estará os esperando fora do habitat.
Revista britânica ,quase 200 anos ,segunda mais conceituada mundialmente atrás do New England Journal of Medicine Trabalho robusto , n de 96 mil pessoas multicêntrico e mais de 150 entidades ,randomizado. Não tem como contestar
É negar a ciência. O artigo do francês Raoul ,de Marselha,que divulgou os bons resultados da hidroxicloroquina foi retirado por ser inconsistente.
Portanto,vamos seguir a ciência e parar de politizar. Todo mundo,incluindo-me,gostaria que funcionasse pois já existe, mas …
Técnico!?? Não há nada de técnico nesta reportagem. Vejamos: A DRA Nise Yamaguchi fala q não existe evidência nível A contra a cloroquina mas não expõe o nível de evidência a favor da cloroquina, que é infinitamente mais pobre. Outra inverdade é a inexistência sem.estudo randomizado prospectivo controlado sobre a HCQ, pois existe um chinês q demonstra exatamenre não melhora e aumenta efeito colateral. Outra inconsistência científica é o q o Dr Paulo Zanotto afirma q após os primeiros sintomas já há mais de 50% Dr acometimento pulmonar. A evolucao na imensa maioria das vezes é benigna. E o exemplo do câncer é péssimo pois ele tomou uma.doenca q se não tratada mata na grande maioria das vezes, sendo o contrario da covid19. Assim, tratar todos nos primeiros sintomas demandará q todos os pacientes recebam a medicação, o q significa q 90% tomara sem necessidade. Alguns desse poderão morrer por arritmia. Além disso, o fato da HCQ ser segura em Lúpus ou Malária não significa q é segura em covid. Um exemplo é o AAS q é muito mais seguro q a HCQ e usado por milhões de pessoas para prevenção de infarto e avc, contudo, quando muda -se a doença, q tb da febre e dor, para o qual, teoricamente poderia ser usado AAS, atribuindo mesma segurança, nesta situação é proscrita e perigosa. Por fim, o estudo da Prevent sênior foi extremamente mal conduzido, sequer os pacientes foram testados para COVID, ou seja , não sabemos quantos de cada grupo, tinham o diagnóstico. Então, por favor, não há nada de técnico na abordagem da reportagem. No mínimo teriam q ouvir a outra versão, mas neste caso não sustentarão a tese proposta. Uma pena…
Parabéns a Revista Oeste por trazer informações fora da caixa. Vc nao vê este tipo de informação mais aprofundada em praticamente nenhum outro lugar.
Estudo “científico” manipulado. Essa OMS é escrava de interesses políticos/financeiros.
Vergonhoso.
#NiseNaSaúde
Somente quem deseja ler o que não está escrito, para aplacar seu anseio leviano, é que não enxerga que o “estudo” não passa de uma fraude intelectual, além de uma farsa, articulada por interesse político e econômico patente, ao custo de vidas.
Hidroxicloroquina ao alcance de quem necessite e deseje. Pode não haver outra chance.
Está mais do que claro que a hidroxicloroquina somada ao antibiótico azitromicina é a resposta e deve ser usada nos estágios iniciais….
O que há por trás da contestação?
1) Esquerdalha de diferentes matizes querendo desestabilizar governos e se masturbar mentalmente vendo os governos terem que distribuir esmolas…é o paraíso esquerdista! Viram como o carniça nove dedos se regozija com o aliado vírus chinês?
2) Os grandes laboratórios querem vender remédios de 30 mil reais a dose e não de 30 reais e sem patente…!
3) Os idiotas de sempre – nem sabem do que estão falando, mas vomitar asneiras é seu passa tempo predileto…
Tá falado!
Senhores e senhoras, a contestação que vocês fazem este estudo científico É POLÍTICA.Lamentável o papel do jornalismo chapa branca.
Só não seria política se concordasse com estudos “científicos” de baixa qualidade?? TUDO no Brasil virou politicagem. Se você apoia o uso da Hidroxicloroquina, para quem autorizar, você é de direita, fascista, terraplanista e não respeita a ciência (qual ciência?). Todos argumentos muito técnicos.
Político o que quanto tempo a Oeste vem trazendo de forma imparcial os resultados desse remédio utilizado pela PreventSenior. Lamento . Mas deve vc ser o elemento preocupado com politicagem aqui.
Pela lógica apresentada até Tubaina é eficiente na fase inicial da COVID-19…
Ótima reportagem! Há inúmeros problemas metodológicos no estudo da Lancet que são bem detalhados no artigo de Jean- Dominique Michel.
E o que você está fazendo aqui não é política?
“Marrocos foi o primeiro país do mundo a adotar o protocolo do do tratamento com hidroxicloroquina desde 23 de março”, afirmou Florian Philippot.”
https://www.moroccoworldnews.com/2020/05/301362/french-politician-morocco-far-superior-to-france-in-covid-19-response/