Depois de quase dois meses de trabalhos, a mesa diretora da CPMI do 8 de Janeiro deve realizar alguns reajustes na estratégia de investigação. O objetivo é retomar os trabalhos depois do recesso parlamentar com uma nova linha de ação.
Conforme apurou Oeste, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), vai sugerir ao presidente do colegiado, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA), que alguns depoentes sejam reconvocados.
Além disso, que eles também sejam submetidos a acareação — quando dois investigados são confrontados frente a frente —, caso seja necessário.
O intuito é evitar que os depoentes mintam aos membros do colegiado. A estratégia da relatora prevê ainda que, de fato, os convocados sejam presos caso faltem com a verdade. Mas, se o investigado já estiver detido, a comissão deve pedir a abertura de uma queixa-crime para que ele responda a um novo processo.
Ao todo, a CPMI ouviu sete depoentes até o momento. Desse total, ao menos quatro foram acusados de mentir ao colegiado, sendo eles: o gerente de posto de gasolina George Washington; Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal; o coronel do Exército Jean Lawand Junior; e o tenente-coronel Mauro Cid.
Nesses casos, parlamentares governistas cogitaram pedir as prisões dos depoentes, mas o ato não teve continuidade. Até o momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem aprovado parcialmente habeas corpus aos investigados para que eles tenham o direito de permanecer calados quando houver questionamentos que possam incriminá-los.
Segundo os governistas, no entanto, a decisão tem sido desvirtuada. Mauro Cid, por exemplo, foi contemplado com a decisão do STF, mas não respondeu nem qual era a própria idade.
A CPMI depois do recesso
No retorno dos trabalhos, está previsto para acontecer a oitiva de Saulo Moura Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência.
Além disso, a oposição deseja pressionar Maia para dar celeridades ao depoimento do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
Na avaliação da relatora, o saldo positivo para o segundo semestre será o volume de informações oficiais recebidos pelos membros da CPMI. Na última sessão, por exemplo, foram aprovados o envio de informações sobre a viagem do presidente Lula a Araraquara, no interior de São Paulo, e as imagens das câmeras de segurança do Palácio da Justiça.
A expectativa é que, com as informações em mãos, os parlamentares consigam inquerir com maior firmeza os depoentes.
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