Com uma população pequena (6,3 milhões de habitantes) e um território menor que o Estado de Sergipe, El Salvador era até pouco tempo atrás o país mais perigoso do mundo. Em 2018, por exemplo, a taxa de homicídios no país foi de 52 por 100 mil habitantes.
Foi.
Se mantiver o ritmo de 2023, El Salvador vai fechar o ano com um índice de 2,3 assassinatos por 100 mil habitantes — praticamente o mesmo número registrado em 2022 no Canadá, o país mais seguro das Américas.
E não há como explicar a guinada sem atribuir a queda ao presidente salvadorenho, Nayib Bukele. Eleito em 2019, com apenas 37 anos de idade, ele se tornou uma figura popular graças à estratégia de enfrentar as gangues que tiravam a paz dos salvadorenhos.
O sucesso de Bukele na segurança não apaga alguns enigmas sobre seu passado político nem as críticas por atitudes antidemocráticas. Mas explica por que ele tem índices de aprovação altíssimos.
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De prefeito a presidente
A política da América Central parece ser ainda mais cheia de reviravoltas do que a brasileira. A ascensão de Bukele é um bom exemplo disso.
O presidente é filho de um casal de imigrantes vindos da Palestina. Seu pai, originalmente cristão, se converteu ao Islamismo e tornou-se um imã (espécie de sacerdote). A mãe permaneceu católica. De família rica, Bukele trabalhou em empresas do pai até que, em 2012, aos 31 anos, foi eleito prefeito da pequena cidade de Nuevo Cuscatlán. Seu partido: a FMLN, uma ex-organização guerrilheira que se converteu na principal sigla de esquerda do país. Sim, de esquerda. Aliás, a FMLN integra o Foro de São Paulo.
Em 2015, no mesmo partido, ele venceu a disputa pela prefeitura de San Salvador, a capital nacional. Em 2017, ainda prefeito, foi expulso do partido por indisciplina — não sem antes acusar a sigla de adotar medidas “neoliberais”.
Ou seja: Bukele começou sua carreira no maior partido de esquerda de El Salvador, e só deixou a sigla porque foi removido.
Depois disso, Bukele resolveu formar o próprio partido, o Nuevas Ideias. A legenda não obteve registro a tempo de disputar as eleições presidenciais. Por isso, ele concorreu à Presidência como membro de uma sigla menor, a GANA. Com seu perfil carismático, boa oratória e um discurso antissistema, obteve 53,1% dos votos.
A vitória realinhou as forças políticas de El Salvador. Todas as eleições desde 1989 haviam sido vencidas pela FMLN ou pela ARENA, de perfil conservador.
O mínimo sinal de ligação com as gangues, inclusive certos tipos de tatuagens, tornou-se suficiente para levar alguém à cadeia. De lá para cá, foram mais de 70 mil prisões, a maior parte alojada em um novo complexo prisional de dimensões faraônicas
Tolerância zero com o crime organizado
A postura rígida de Bukele contra os grupos criminosos surpreende quando se leva em conta que, nas duas ocasiões em que foi prefeito, a imprensa local encontrou indícios de que ele fez acordo com gangues locais para evitar conflitos — o que era comum por parte da FMLN.
As acusações persistiram durante o mandato presidencial e tiveram implicações embaraçosas para Bukele. Em dezembro de 2021, os Estados Unidos impuseram sanções a três aliados do presidente pelo pacto com os grupos criminosos. “Em 2020, o governo do presidente salvadorenho proveu incentivos financeiros para as gangues salvadorenhas MS-13 e Barrio 18 para assegurar que os incidentes de violência de gangues e o número de homicídios confirmados permanecessem baixos”, diz o comunicado do governo norte-americano.
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No início do mandato, o governo de Bukele obteve algum progresso, mas o apoio do Congresso só avançou de fato a partir de 2021, quando sua coalizão elegeu dois terços do Parlamento.
Na primeira sessão, o novo Congresso removeu todos os cinco membros da Suprema Corte. O argumento: os ministros da Corte violaram a Constituição ao impedir o trabalho do Ministério da Saúde durante a pandemia. O processo de destituição durou uma hora. Raúl Melara, o procurador-geral da República que investigava a ligação de Bukele com as gangues, também foi substituído.
Bons resultados e alta aprovação
Se o governo de Bukele tinha um acordo tácito com as gangues, fato é que as coisas mudaram a partir de março de 2022. Entre os dias 25 e 27, a gangue MS-13 matou 87 pessoas — número intolerável até mesmo para os padrões de El Salvador. Em um único dia, foram 62 homicídios. Ato contínuo, Bukele decretou regime de exceção, o que lhe permitiu prender suspeitos sem a necessidade de autorização prévia da Justiça. O mínimo sinal de ligação com as gangues, inclusive certos tipos de tatuagens, tornou-se suficiente para levar alguém à cadeia. De lá para cá, foram mais de 70 mil prisões, a maior parte alojada em um novo complexo prisional de dimensões faraônicas. El Salvador agora tem a maior taxa de encarceramento do mundo.
Grupos de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, protestaram. Mas Bukele não pareceu se incomodar. Logo depois das primeiras prisões em massa, ele mandou uma mensagem aos criminosos usando o púlpito presidencial: “Há rumores de que querem começar a se vingar das pessoas honradas. Façam isso, e não haverá um momento de comida na prisão. Vamos ver quanto duram seus companheiros lá dentro. Juro por Deus que não comem um arroz. Vamos ver quanto tempo duram. E não me importa o que digam os organismos internacionais. Que venham a proteger a nossa gente e levem os bandidos, se gostam tanto deles”.
As represálias dos criminosos não vieram. A operação de Bukele derrubou os índices de criminalidade em El Salvador e ofereceu a uma população assustada a possibilidade de levar uma vida normal. Em diferentes pesquisas, o mandato de Bukele tem obtido uma taxa de aprovação acima de 90%. O índice subiu conforme a violência diminuiu.
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Flerte com o populismo
Bukele não é um presidente convencional. Na verdade, ele dá sinais de ser um populista. Ainda em 2020, enfrentando embates com um Congresso hostil, o líder salvadorenho foi (num domingo) até o prédio do Parlamento acompanhado por apoiadores e tropas militares. Lá, ocupou a cadeira do presidente da Casa e orou em silêncio por alguns minutos. Foi uma forma peculiar de pressionar os parlamentares a aprovar reformas propostas pelo seu governo. Bukele, aliás, não especifica se é cristão ou muçulmano. O gesto de oração no Congresso, com as mãos juntas perto do rosto em formato de concha, é mais comum entre adeptos do Islã.
Em 2021, os ministros indicados por ele para a Corte Constitucional deram sinal verde para sua campanha à reeleição, embora a Constituição vede a prática. A eleição acontecerá no ano que vem. Em junho deste ano, sua coalizão aprovou uma medida que reduz de 84 para 60 o número de cadeiras no Congresso. Se tiver tempo, ele já disse que pretende levar adiante um projeto ambicioso de unificação de oito países da América Central, que passariam a ser uma única nação.
Efeito cascata
Bom em oratória, fluente em inglês e hábil com as redes sociais, Bukele chamou a atenção fora do país. O turismo cresceu 32% desde 2019 — o quarto maior aumento entre todos os países do mundo, segundo o Barômetro do Turismo Mundial.
Na economia, o método Bukele também tem dado resultados. O dólar é a moeda oficial de El Salvador desde 2001. Mas, graças à Lei do Bitcoin, sancionada por ele em 2021, empresas que atuam com criptomoedas terão em El Salvador a segurança que outros países não oferecem. O Banco de Desenvolvimento de El Salvador assegura a conversão instantânea de bitcoins em dólares.
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O ambiente de negócios tem melhorado. O Departamento de Comércio Exterior do governo dos Estados Unidos, por exemplo, afirma que “o governo Bukele continua fazendo esforços para atrair investimentos estrangeiros, e adotou medidas para reduzir a burocracia onerosa e melhorar as condições de segurança”.
Bukele se apresenta como um líder efetivo, com um discurso claro e direto. As gangues aterrorizavam a população? Ele desmantelou as gangues. Faltavam vagas nas prisões? Ele construiu. Organismos internacionais protestaram contra as prisões em massa? Ele deu uma banana para os organismos internacionais. A Suprema Corte rejeitava algumas de suas políticas? Ele e seus aliados destituíram cinco membros da Suprema Corte, além do procurador-geral da República.
É difícil saber qual é a religião de Bukele. É difícil saber quais são suas convicções pessoais. E é difícil saber como seu governo terminará. Mas, se o sucesso de El Salvador deixa algo claro, é que prender criminosos diminui a criminalidade. Para o assombro de grupos progressistas.
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Meu testemunho é real, invisto em El Salvador a mais de 20 anos. Conheço a veracidade de cada palavra escrita nesta matéria e reafirmo. É o Bolsonaro Salvadorenho, livre para fazer as mudanças que o país precisava e nunca houve tamanha prosperidade. O povo trabalhador e muito feliz, vão reelegê-lo. O cenário, graças ao presidente é só bom Deus, não poderia ser melhor. Gostaria muito de que o Brasil d
Se espelha-se em algo exatamente igual. Simples Assim! Espero mesmo e de coração poder dizer de boca cheia, a um certo ativista, PERDEU MANÉ !!!!
Bukelie e El Salvador é o melhor exemplo a ser seguido pelo Brasil
Nossa quantos jovens perdidos no mundo do crime.