O agronegócio brasileiro alcançou mais um feito histórico. O país realizou seu primeiro embarque de café carbono neutro, cujo processo de produção possibilita menor índice de emissões de gases de efeito estufa, com o chamado “sequestro” do carbono. A iniciativa foi liderada pela cooperativa monteCCer, de Monte Carmelo (MG).
O embarque de 600 sacas e 30 quilos do produto foi realizado em outubro junto à Volcafe, braço comercial de café da ED&F Man — uma das maiores tradings mundiais de commodities. A empresa pagou o equivalente a R$ 100 por saca de 60 quilos do café neutro em carbono.
A neutralização do carbono é feita por meio do sequestro de gás carbônico pelas árvores e pela redução de fertilizantes nitrogenados, além do maior uso de compostos orgânicos, defensivos biológicos, racionalização da irrigação, entre outros procedimentos.
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O café torrado produzido com grãos carbono neutro permite uma redução de cerca de 80% nas emissões de gases de efeito estufa, na comparação com o processo de fabricação do produto tradicional.
“Como ‘homem de café’, que trabalha com isso, eu avalio de uma maneira muito positiva. O café brasileiro é sustentável”, afirmou a Oeste Nelson Carvalhaes, ex-presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). “O café é perene. Há lavouras de café que têm dez, 20, até 50 anos no Brasil. Isso não é o normal. O normal são lavouras ao redor de dez a 20 anos”, aponta.
“Com esse processo, você sequestra o carbono. Há todo um trabalho, além da árvore, com o solo. Tudo isso traz para o mundo uma nova opção dentro dessa necessidade de carbono zero. E é um grande estímulo ao produtor, que já fez esse trabalho e é reconhecido”, avalia Carvalhaes.
Segundo o ex-presidente do Cecafé, a iniciativa “tem de ser aplaudida, é importantíssima” e coloca o país em um novo patamar. “Ela dará início a um processo no qual o Brasil poderá, sem dúvida, agregar valor ao seu produto”, afirma.
Como tudo começou
Em 2018, segundo a monteCCer, quatro fazendas de cooperados que completavam dez anos de certificações por boas práticas decidiram dar um novo passo. Na época, foi feita uma espécie de “inventário da sustentabilidade”, supervisionado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
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O processo analisou itens como solo, uso de fertilizantes e defensivos, recursos hídricos, emissão de gases, entre outros. Segundo o estudo, 34 fazendas sequestravam mais do que liberavam gases de efeito estufa. A medição foi chancelada pela companhia global Preferred by Nature e não considerou Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal — o que revela que o sequestro de carbono pode ser ainda maior.
Boas práticas
Segundo a monteCCer, as boas práticas adotadas há anos pela cooperativa facilitaram o caminho até o café carbono neutro se tornar realidade. Hoje, as 34 fazendas com certificação neutra em carbono produzem, em média, 160 mil sacas de café por ano — volume ainda pequeno em relação ao que é exportado todos os meses pelo Brasil.
Segundo a cooperativa, no entanto, a região do cerrado mineiro, que cultiva 230 mil hectares (mais de 15% da área brasileira de café arábica), tem condições de avançar ainda mais em práticas sustentáveis, pois já conta com certificações ambientais e sociais.
Entrevista: “A liderança do Brasil no agro incomoda”, diz Antônio Cabrera
Segundo Carvalhaes, o café carbono neutro embarcado pelo Brasil é apenas mais um exemplo da força do agro do país e do compromisso do setor com as práticas sustentáveis — ao contrário do discurso fomentado por grupos de esquerda e ONGs nacionais e internacionais, como se viu recentemente durante a 26ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26) da Organização das Nações Unidas (ONU).
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“É evidente que estar na liderança em pesquisa, na produção e na sustentabilidade, como o agronegócio brasileiro está, sempre atrai críticas e gera ataques. Mas a verdade é que o agro brasileiro é muito eficiente e respeita o meio ambiente”, afirma Carvalhaes. “No caso do café, eu cito como exemplo as reservas ambientais, os procedimentos… Não é à toa que o Brasil é responsável pelo consumo de quase 40% do mercado global de café.”
O que vem por aí
O próprio Cecafé e entidades como o Conselho Nacional do Café (CNC), órgão que representa as cooperativas, vêm planejando desenvolver projetos semelhantes ao da monteCCer. O objetivo é expandir a iniciativa para regiões como o sul de Minas e a Zona da Mata.
“O Cecafé está trabalhando nisso junto com os produtores e cooperativas, associações, exportadores… No desenvolvimento desse processo de sequestro de carbono e para neutralizar o carbono”, diz Carvalhaes. “São estudos junto com pesquisadores para que em breve possa ser divulgado um resultado positivo. Com isso, daremos mais um passo maduro e de vanguarda dentro desse ambiente de exigência.”
Com informações da Reuters
Pagou R$100,00 por saca eu paguei R$15,00 em 500grama
Me passe o endereço que vou comprar uma saca também esse café está mais barato do que chá de 3ªqualidade.
Vivendo e desaprendendo… Desde o curso ginasial (hoje é outra coisa que não tenho a menor ideia do que seja), aprendemos que as plantas sequestram o gás carbônico, realizam a fotossíntese que vão produzir determinados tipos de açucares (hidrocarboneto), com isso sequestra o carbono do CO2. Em síntese é isso, as plantas fazem isso de forma natural, desde quando o mundo existe. Então que sequestro de carbono é esse, que novidade é essa? E quem disse que o CO2 é gás de efeito estufa? Que eu saiba o responsável por isso é o metano (CH4), agora mudou para o (CO2)? Esse café, quando for para a torrefação, vai liberar NATURALMENTE o (CO2) no meio ambiente, completando o ciclo da natureza. Sempre foi assim e sempre será assim. Então, desculpem minha ignorância por ter aprendido errado esse tempo todo.
Alguém aí sabe de onde vem a lenha dos vegetais e que essa massa lenhosa cresce à medida que a planta se desenvolve? Pois é, é do CO2 sequestrado que depois retornará ao meio ambiente através de sua queima. Por isso que dizem ser isso um fenômeno autossustentável. Quando o vegetal morre e apodrece, é liberado também o metano, este sim, é um potente gás de efeito estufa, então, para que isso não ocorra, deve-se queimar a madeira antes que isso aconteça. O CO2 produzido, retorna para a planta seguinte.
Pagou só $100, por saca de cefé? isso é muito pouco.