Em reação ao depoimento de Moro, bolsonaristas fortalecem defesa do presidente

O Palácio do Planalto nega que tenha tentado interferir nos trabalhos da Polícia Federal

Está marcado para as 14 horas de hoje o depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro sobre as acusações de que o presidente Jair Bolsonaro teria interferido no trabalho da Polícia Federal (PF) e em inquéritos relacionados a familiares.

Caso Moro esteja mentindo, ele poderá responder na Justiça por denunciação caluniosa e crimes contra a honra. Por outro lado, parlamentares de oposição e desafetos do Executivo procuram encontrar na fala do ex-ministro os elementos para um processo de impeachment de Bolsonaro.

Monitoramento Oeste

Desde a quinta-feira 30, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello determinou que Moro fosse ouvido em cinco dias, apoiadores do presidente têm procurado blindar Bolsonaro nas redes sociais. Anteontem, no Twitter, a hashtag “DireitaRaizEBolsonaro” ocupou o primeiro lugar dos trending topics por cinco horas e, sozinha, ultrapassou os 800 mil engajamentos.

Hoje, o apoio ao presidente da República não foi diferente. A partir da 1 hora, internautas se esforçaram para levantar três hashtags e conter os efeitos que as declarações de Moro podem provocar: “Golpe de Estado”, “GolpeDoSTF” e “OrePeloBolsonaro”. Nesta manhã, a trinca chegou aos assuntos mais comentados: somou 822 mil perfis tuitando a respeito.

Os temas dão evidência à tese de que ministros do STF estão engajados num golpe contra o Palácio do Planalto. A manobra foi denunciada pelo presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes vetou a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da PF — embora seja prerrogativa do Executivo escolher o diretor-geral da instituição.

https://twitter.com/DiasDani2019/status/1256580487826595840

Bolsonaro auxiliou rapidamente a população na Pandemia, foi a favor de medidas inteligentes de restrição, protegendo o grupo de risco com saudáveis trabalhando. Governadores erraram, eles que decidem o isolamento segundo STF#GolpeDeEstado #GolpeDoSTF #OrePeloBolsonaro https://t.co/bocopD5HTc

— Tania (@TaniaS_Brasil) May 2, 2020

No Facebook, o movimento pró-Bolsonaro alavancou por causa de três páginas ligadas à direita. A postagem de uma delas conseguiu 1,2 mil curtidas, 105 comentários e mil compartilhamentos nas últimas 12 horas. Juntas, elas somam 9 mil engajamentos.

Ademais, a campanha obteve relativa importância no Instagram. Sozinha, a hashtag “GolpeDeEstado” angariou 56,2 mil publicações; “GolpeDoSTF”, por outro lado, ficou com pouco mais de 775.

Já no Google, os assuntos mais pesquisados nos últimos sete dias são “Supremo Tribunal Federal” e “sergio moro”. Na busca por eles, termos como “stf suspende ramagem” e “stf avalia que nao ha provas” apresentaram aumento repentino.

As unidades federativas com curiosidade aguçada são, na sequência, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Amapá.

Mídia

Veículos de direita mostraram ter mais chance de cliques e de ser encontrados na internet quando comparados com a chamada “grande mídia”. Isso porque os posts estão de acordo com os temas de pesquisa favoritos do momento. Portanto, a versão segunda a qual o STF faz parte de um golpe contra Bolsonaro vem ganhando força.

A grande mídia, entretanto, deposita esperanças na capilaridade do depoimento do ex-ministro da Justiça. As matérias mais bem engajadas são aquelas que alimentam a tese de que as declarações de Moro podem derrubar o presidente da República.