A glamourização do pesadelo

Quando máscaras e outros itens de segurança se transformam em acessórios fashion

Até que demorou, mas acabou se tornando realidade. Com a intenção de transformar em “normal” o que começou a ser chamado de “novo normal”, lojas passaram a tratar como acessório fashion máscaras e outros apetrechos que se tornaram itens de segurança durante a pandemia de coronavírus.

Em Miami, por exemplo, a loja Covid-19 Essentials foi inaugurada no Aventura Mall. Além das máscaras, de vários formatos e cores, que podem ser customizadas, são vendidos higienizadores de mãos, esterilizadores de celular, placas de acrílico para proteção do rosto e termômetros de diversos modelos.

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Em Orlando, o quiosque Covid-19 Relief tem uma proposta parecida, embora mais modesta.

Vi hoje em Orlando algo parecido pic.twitter.com/pu4085H47B

— Eduardo Linardi (@dudulinardi) June 15, 2020

O Brasil ainda não chegou a esse ponto – mas caminha na mesma direção. Recentemente, a marca de sapatos Arezzo lançou a coleção “home”, “feita para atender aos desejos que são tão importantes e atuais”. Entre os modelos, pantufas de veludo e chinelinhos de strass.

Entre outros estilistas e marcas da moda, a carioca The Paradise lançou sua própria coleção de máscaras. São 18 estampas diferentes, vendidas a R$ 30,00 cada.

A Osklen também chegou a lançar o acessório, mas o tirou do catálogo depois de ser criticada pelo valor cobrado: R$ 147,00 por duas máscaras. No anúncio, a marca informava que elas haviam sido produzidas por “bravas costureiras no período de isolamento social”. A cada kit vendido, uma cesta básica seria doada à “comunidade do Jacarezinho”.

Pode ser uma necessidade dos tempos modernos. Mas, para qualquer um que ainda tenha o mínimo de discernimento, não deixa de ser assustador.