Em entrevista coletiva neste sábado, 3, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pediu uma “união nacional” no enfrentamento da pandemia de covid-19 no Brasil. Ele recebeu a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Gross. Ambos participaram de uma reunião virtual com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.
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“Evitar lockdown é a ordem, mas temos que fazer o dever de casa. Mas o dever de casa é de toda a população. Por mais que nós falemos todos os dias sobre isso, não vemos a população tendo adesão às medidas”, afirmou Queiroga. “Não adianta fazer isso à medida da imposição. Não é a lei que vai fazer isso, as pessoas têm que acreditar no que estamos fazendo.”
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Segundo o ministro, “precisamos de uma ação de união nacional para imunizarmos nossa população e, com isso, trazer esperança”. “Neste momento, a população brasileira sofre. Nós, liderados pelo Ministério da Saúde, temos que levar o conforto à nossa sociedade. Essa é a recomendação que recebi do presidente da República, que me deu autonomia para montar uma equipe técnica no ministério.”
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De acordo com Queiroga, o principal foco do governo neste momento é manter o patamar de 1 milhão de vacinados por dia no país — alcançado pela primeira vez nesta semana. “A nossa prioridade é ampliar a campanha de vacinação. O problema de carência de vacinas não é só do Brasil, é um problema mundial. Até países desenvolvidos encontram dificuldades com o aporte de doses”, disse Queiroga. “Nós nos comprometemos, já em abril, com 1 milhão de vacinados por dia. Ontem os senhores já noticiaram o cumprimento dessa meta. O primeiro objetivo é que consigamos permanecer todos os dias de abril com esse 1 milhão de doses. A Fiocruz e o [Instituto] Butantan estão nos assegurando 30 milhões de doses no mês de abril.”
Queiroga também afirmou que “ficar olhando para o passado” não resolverá o problema. “Vamos olhar para a frente, o futuro. Vamos parar de fazer calor. Nós precisamos de luz.”
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Sobre a reunião com a OMS, o ministro da Saúde classificou a conversa virtual como “muito produtiva”. “[A reunião aconteceu] Para continuar e expandir a colaboração multilateral do Brasil com os organismos da saúde pública mundial e da América Latina”, explicou Queiroga.
“Vocês sabem a situação epidemiológica que vivemos hoje. O Brasil é um dos focos da doença. Isso decorre da pressão sobre o nosso sistema de saúde e da incapacidade plena que temos de assistência à população. O presidente da OMS está colaborando fortemente conosco, e o objetivo não é criticar. Ninguém tem uma fórmula mágica, nem eu tenho. Vamos avançar.”
Segundo Queiroga, foram discutidas com a OMS alternativas para que o Brasil tenha acesso a mais vacinas “para os próximos três meses”. Isso deve ser alcançado, disse o ministro, graças a um acordo de colaboração técnica com a OMS e a OPAS para ampliar a disponibilidade de imunizantes para o país.
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O ministro da Saúde também disse esperar que o consórcio global Covax Facility ajude o país com a liberação de mais doses de vacinas contra a covid-19 — suficientes, segundo Queiroga, para cobrir 10% da população brasileira. Ele também confirmou que as Forças Armadas ajudarão nas campanhas de vacinação de estados e municípios em todo o país.
Em defesa das máscaras
O ministro da Saúde aproveitou para fazer uma defesa enfática do uso de máscaras e de outras medidas de proteção contra a covid-19. “Reforçamos as medidas que evitem a circulação do vírus e eu tenho feito isso de forma reiterada desde o início da nossa gestão”, afirmou. “O uso de máscaras é fundamental. Para tanto é necessário que haja a adesão da população brasileira. Higiene das mãos com água e sabão, uso de álcool em gel, distanciamento regulamentar entre as pessoas, evitar aglomerações.”
Após a fala do ministro, Socorro Gross também defendeu a “união nacional” no combate à covid-19. “Nós nos unimos ao chamado do Ministério da Saúde e de outras instituições para uma união nacional. Para aplicar essas medidas importantes que nós temos que fazer agora. Temos que ganhar tempo para que essa produção de vacinas em nível mundial possa estar no Brasil”, disse a diretora da Opas.
“Também é um momento de reflexão. Não temos como diminuir a transmissão se não aplicarmos a medidas de utilizar as máscara, lavar as mãos com água e sabão, cuidar do distanciamento físico e não ter aglomerações”, completou Gross.
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Uma forma de se evitar aglomeração, é AUMENTAR O TRANSPORTE PÚBLICO, e não diminuir ou proibi-lo como alguns Estados e Municípios estão fazendo.
Esse é o problema maior, não conseguir evitar distanciamento no transporte coletivo e nas estações. Muitas atividades são essenciais inclusive de abastecimento, alimentício farmacêutico, de manutenção e outros que não permitem as pessoas ficarem em casa. Fica claro que o insucesso das quarentenas de cores, além de não evitar aglomerações desordeiras, não oferecem condições de distanciamento no percurso casa-trabalho.
Mesmo idoso e já tendo recebido a 1a. dose da vacina, penso que seria mais importante priorizar a segurança vacinal para essa população que não tem como ficar em casa, até porque mesmo vacinados nos idosos somos orientados a ficar em casa ainda por longo tempo.
Distanciamento com transportes lotados? Pobre não faz lockdown porque não pode.