Já se passaram oito meses desde que o Partido Novo decidiu expulsar Filipe Sabará de seus quadros, mas as feridas parecem ainda estar abertas, pelo menos para o empresário. Em entrevista a Oeste, Sabará acusa o fundador da legenda, João Amoêdo, de tentar calar as vozes dissonantes dentro da sigla e afirma que há uma clara disputa entre a burocracia partidária e a bancada parlamentar eleita pelo Novo. “Existe um racha enorme. Já existia, mas ninguém havia tido a coragem de enfrentar o Amoêdo. Foi o que eu fiz”, diz.
Sabará chegou a ser lançado candidato à prefeitura de São Paulo no ano passado, mas teve o registro indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) após a renúncia da vice na chapa, Maria Helena. Expulso do partido sob alegação de que haveria inconsistências em seu currículo, ele teve a campanha suspensa em setembro de 2020, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — e venceu, retomando a candidatura. Com a desistência da companheira de chapa e sem outro nome indicado pelo Novo para a disputa, a Justiça Eleitoral paulista rejeitou a postulação. “Já imaginava que fosse acontecer o que aconteceu, a partir do momento em que o Amoêdo começou a obrigar os candidatos do partido a virarem oposição ao governo federal, em especial ao [presidente Jair] Bolsonaro”, afirma. “Não necessariamente imaginei que chegasse a esse nível de canalhice, de suspender a filiação. O detalhe é que fizeram isso três dias antes de a campanha começar.”
Na entrevista, Sabará fala também sobre o cenário eleitoral de 2022, faz um balanço dos primeiros dois anos e meio do governo Bolsonaro e revela que um dia espera ser prefeito de São Paulo. Leia:
1 — O senhor foi acusado de ter apresentado dados falsos em seu currículo. Esse foi o real motivo para sua expulsão do Partido Novo? Sentiu-se injustiçado?
Nem vou falar que me senti injustiçado porque eu já imaginava que fosse acontecer o que aconteceu, a partir do momento em que o [João] Amoêdo começou a obrigar os candidatos do partido a virarem oposição ao governo federal, em especial ao Bolsonaro. Não foram poucas as conversas que tive com ele e com o partido em que ficou claro que, se eu continuasse com a minha posição de não atacar o governo, eu seria prejudicado de alguma forma. Não necessariamente imaginei que chegasse a esse nível de canalhice, de suspender a filiação. Eles não suspenderam a minha campanha. Suspenderam a minha filiação. E sem filiação você não pode ser candidato. O detalhe é que fizeram isso três dias antes de a campanha começar. O mais bizarro de tudo isso é que participei de um processo seletivo de mais de um ano no qual eles analisam tudo e mais um pouco, fui aprovado concorrendo com 76 pessoas, e três dias antes da campanha, depois que decidi não baixar a cabeça para o Amoêdo, usaram algumas pessoas que são ligadas a ele para pedir [a expulsão] a uma tal de Comissão de Ética Partidária, que basicamente é um escritório paralelo do Amoêdo, que se coloca como sigilosa. Se você, como filiado, expuser qualquer assunto que está sendo dito, perde a filiação, é expulso. Eles fazem isso porque você não pode ir à Justiça. Como eles foram direto para a cassação da minha filiação, eu fui à Justiça e ganhei. No TRE-SP e no TSE também. O partido foi obrigado a devolver minha filiação até o fim da campanha. Não me senti injustiçado porque essa é a Justiça deles, do Amoêdo e do grupinho dele.
2 — Como o senhor avaliou o recuo de Amoêdo, que anunciou a candidatura para 2022 e desistiu? Há um racha no Novo?
Existe um racha enorme. Já existia, mas ninguém havia tido a coragem de enfrentar o Amoêdo. Foi o que eu fiz. Quando ele e os emissários dele me falaram que fariam o que fizeram comigo, disseram: “Se você desistir, a gente não faz nada com você”. Nesse nível, a conversa. Mais baixo nível do que isso eu nunca tinha visto na minha vida. Achava que era coisa de PT e tal. [Agora] As pessoas ficaram com coragem porque viram que o máximo que eles podem fazer é o que fizeram comigo, o que não é pouca coisa. Mas quem foi contra a candidatura do Amoêdo? Foram os eleitos. Existe um racha entre aquilo que eles colocam como estrutura partidária e quem foi eleito. Quando você olha a carta dos eleitos, dos mandatários, esses caras não querem o Amoêdo. Porque sofreram muito nas eleições do ano passado com as tuitadas do Amoêdo e tudo o que ele sempre faz. O racha é este: a estrutura burocrática partidária contra quem realmente deveria representar o partido, que é quem foi eleito.
3 — O senhor acredita na chamada “terceira via”, uma candidatura de centro para furar a polarização entre Jair Bolsonaro e Lula em 2022?
Sou muito pragmático em relação à questão federal. O Brasil tem uma via, que é quem foi eleito. O governo Bolsonaro tem uma série de coisas a cumprir que ainda são anseios da população que votou no Jair Bolsonaro. Não acredito que esse ciclo tenha sido encerrado. Quando você vê as motociatas, as chegadas do presidente aos aeroportos, você vê essa população o recebendo com carinho. Existe uma popularidade muito grande do presidente que está relacionada a essa via que foi eleita tirando o PT do poder. Quando você tem o PT ameaçando voltar ao poder, não tem terceira via. Porque a via que foi eleita é a via justamente que tirou o PT do poder. E não faz nem quatro anos que isso aconteceu. Acho [a terceira via] um devaneio completo de parte da imprensa e de candidatos de partidos que querem o poder. A população sabe que o presidente Bolsonaro não conseguiu cumprir uma série de promessas de campanha porque a pandemia atrapalhou. E muitos dos governadores e prefeitos participaram disso. Quando você faz o toque de recolher ou o lockdown, isso prejudica a vida de muita gente, inclusive prejudicou muito o governo do presidente. Por outro lado, você tem uma série de medidas, principalmente na questão econômica, que foi cumprida a despeito da pandemia. A população não é estúpida.
4 — Qual é a sua avaliação sobre o governo Bolsonaro?
Algumas conquistas eu considero importantes e eram demandas de muito tempo da população e que, mesmo debaixo de pandemia, o governo federal entregou. A primeira coisa é a reforma da Previdência. Mesmo sendo um trabalho construído na última fase do governo Temer, ela ocorreu, de fato, no governo Bolsonaro. A PEC Emergencial, a Lei do Gás, a Lei das Falências, a Lei do Saneamento, que beneficia justamente os mais pobres… O Congresso teve participação primordial nisso, mas foi no governo [Bolsonaro] que isso foi aprovado. Independência do Banco Central: há quanto tempo se falava disso? E, por fim, a privatização da Eletrobras, que é um marco histórico. Há muito tempo a gente vem brigando por uma privatização desse porte, mesmo com todas as dificuldades. O texto não foi o mais adequado possível, mas é uma conquista enorme. Isso sem falar de auxílio emergencial, dos repasses para Estados e municípios durante a pandemia, do crédito para pequenos e microempreendedores. Tudo isso sob pandemia e debaixo de ataques diários ao presidente e ao governo, além de sabotagem e uma CPI que a gente sabe que é fake e completamente política.
“É algo que sempre almejei: ser prefeito da minha cidade”
5 — O senhor pretende se filiar a algum partido e disputar as eleições do ano que vem ou vai continuar na iniciativa privada?
Embora o Partido Novo questione o meu currículo, eu fui secretário estadual [comandou o Fundo Social de São Paulo, órgão de filantropia do Estado], secretário municipal [de Assistência e Desenvolvimento Social], presidente de multinacional por quase 12 anos, empreendi e sou fundador do Instituto Arcah, que acolhe pessoas nas ruas e gera emprego e renda. Meu currículo foi sempre pautado por execução, para o Executivo. Eu não tenho muito perfil para o Legislativo. Não vislumbro neste momento candidatura para o Legislativo no ano que vem. Mas não descarto, no futuro, uma candidatura para o Executivo municipal, por exemplo. É algo que sempre almejei: ser prefeito da minha cidade.
A notícia mais intrigante sobre Filipe Sabará foi quanto aos dados falsos em seu currículo, pelo que eles respondeu aqui na reportagem: “participei de um processo seletivo de mais de um ano no qual eles analisam tudo e mais um pouco, fui aprovado”. Ele não respondeu objetivamente e, por dedução, podemos achar que seus dados não eram falsos. É importante ele detalhar sobre isto para que não achemos que se trata de malandragem dele, mas, ao mesmo tempo, considerando que ele tenha dito a verdade, então perdemos um grande candidato à prefeitura de SP.
Eu tinha um sonho maior com o partido Novo, mas começo a me desencantar.
Vejo aqui comentarios equivocados e até certo ponto ingênuo dos internautas, sabemos muito bem o carater e o objetivo de quem se alinha a partidos como PT e acessorios, pra ficar ditadico, são todos vagabundos de carteirinha no minimo.
Grande coisa… Um racha no Partido Novo! Um racha em algo que nada significa, é metade de um nada, ou seja, um zero à esquerda e tem que ser à esquerda mesmo!
Partido NOVO que já nasceu velho.
O Amoêdo transformou o partido Novo, novo apenas no nome, mas com seus comandantes fazendo politicagem padrão PTralhas.
Pelo jeito vai virar uma daquelas siglas de aluguel, para compor votos em projetos de interesses escusos, ou vai ser absorvido pelo dito Centrão, ou vai se postar como oposição a tudo e a todos, como as siglas esquerdalhas sempre se apresentam, uma pena, o Brasil necessita de pessoas e partidos para resolver as questões nacionais, as pautas de reformas e pelo jeito será igual ao MBL, que hoje é o PIÇOL Kids.
Que decepção Sr. Amoêdo…..Apesar de não ter condições de se eleger presidente dei meu voto no 1º turno e, lógico, no 2º para o Sr. Bolsonaro.
Venhamos e convenhamos, melhor o Bolsonaro do que um tal de “poste” ou o tal de Lula como presidente e, pelas últimas declarações do Amoêdo, êle vai para o mesmo cesto.
Espero que os eleitos pelo NOVO não obedeçam cegamente o Amoêdo para se transformar num pt, sei lá se de direita ou esquerda ou….
Não havia, quando apareceu o Novo, nenhuma porta aberta para conservadores e muitos correram para lá. Com o tempo virou um saco de gatos: liberais, libertários, conservadores, e os que mandam: os social-democratas “limpinhos”. Aí, conservadores foram cada vez mais sendo afastados. Nenhum problema mais um partido social-democrata; o problema é terem se vendido como direita para poderem crescer.
Excelente entrevista – não esmoreça, Filipe. Stay the course!
Esse Amoêdo é bem a cara da esquerdalha, que quer tomar o poder de qualquer forma, mesmo que para isso tenha que pisar o pescoço da mãe.
O “NOVO”, o MBL e o VPR (Vem pra Rua) são as MAIORES DECEPÇÕES dos últimos anos. É vergonhosa a postura e militância histérica dos 3 contra o BRASIL e o GOVERNO.
O partido Novo é tão velho quanto Adão e Eva. Já nasceu com todas as mazelas da velha política praticada pelos vetustos caciques da política. Adveio como um reles partidinho da esquerdalha, e seu destino é desaparecimento já já.
Este Amoedo está desmanchando o Novo, minha esposa era filiado e ontem de desfiliou. Amoedo é um ambicioso arrogante que não tem noção da realidade. Uma pena pois a proposta do Novo era muito boa e ficou inviável pelas opções equivocadas, entre elas, certamente a de ser contra o voto auditável impresso. Um absurdo que nos leva a pensar que o partido/Amoede não quer eleições transparentes.
Caindo a máscara do NOVO Socialista